A luxação do ombro é um quadro muito doloroso que prejudica intensamente o movimento dessa articulação.
Geralmente, ocorre em jovens com traumas esportivos, mas também pode acometer adultos de meia idade e idosos após uma queda ao chão.
A luxação do ombro é a perda da conexão da articulação do ombro, ou seja, ocorre a perda de contato da cabeça do úmero (osso do braço) com a glenóide (porção articular da escápula).
Com a luxação do ombro ocorrem lesões das estruturas responsáveis por manter a estabilidade dessa articulação. Essas estruturas são o labrum (cartilagem ao redor da glenóide), os ligamentos do ombro (chamados de ligamentos glenoumerais) e a cápsula articular (tecido que recobre os ligamentos glenoumerais).
Quando o paciente sofre um primeiro episódio de luxação do ombro (que chamamos de primo-luxação), um médico ortopedista deve fazer uma avaliação urgente para realizar o tratamento de maneira adequada.
Após um primeiro episódio de luxação do ombro, é possível que essas estruturas se cicatrizem em sua posição normal. Todavia, se isso não ocorre, o paciente pode sofrer novos episódios de luxação, gerando uma luxação recidivante do ombro, também chamada de instabilidade do ombro.
Geralmente, em um primeiro episódio de luxação do ombro o paciente sente uma dor intensa imediatamente após a lesão, com bloqueio do movimento e mudança no formato do ombro. Chamamos um sinal que aparece de sinal da dragona, em que o ombro perde seu formato arredondado habitual.
Dessa forma, devemos avaliar o paciente com urgência e solicitar radiografias do ombro para confirmação do diagnóstico. Na sequência, devemos fazer a manobra correta de redução do ombro, ou seja, colocar de volta o ombro em seu devido lugar.
Além disso, devemos imobilizar o paciente com tipóia para a cicatrização adequada das estruturas do ombro.
Ademais, receitamos medicações analgésicas e anti-inflamatórias para controle da dor, damos orientações de compressas de gelo e reabilitação com fisioterapia para fortalecimento da musculatura do ombro.
O paciente com luxação recidivante do ombro geralmente está com o ombro em seu devido lugar, mas sente dor frequente e apreensão ao realizar determinados movimentos do ombro, com sensação de iminência de luxação.
Isso ocorre porque há lesão nas estruturas do ombro responsáveis por manter a estabilidade da articulação. Em casos mais graves de pacientes com vários episódios de luxação é possível, inclusive, ocorrer lesão óssea associada.
É de extrema importância que o paciente procure um ortopedista especialista de ombro para a avaliação adequada. Deverão ser feitos testes específicos de exame físico, como o Teste de apreensão e o Teste de Fukuda. Além disso, será necessário avaliar se o paciente apresenta frouxidão ligamentar.
Nos exames de imagem, a tomografia computadorizada e a ressonância magnética são muito importantes para a análise das lesões do ombro.
Nos casos graves, as lesões ósseas ocorrem pela colisão de um osso contra o outro durante os episódios de luxação.
Por exemplo, chamamos de Lesão de Bankart uma lesão na glenóide, já uma lesão na cabeça do úmero chamamos de Lesão de Hill-Sachs. Caso presentes, o tamanho dessas lesões é imprescindível para definir o tratamento correto.
Lembrando também que em pacientes idosos é muito comum a lesão do manguito rotador associada a luxação do ombro. Assim, é importante fazer a avaliação conjunta dos tendões do ombro.
Podemos indicar o tratamento conservador (não-cirúrgico) para alguns casos específicos de luxação recidivante do ombro, como por exemplo, pacientes idosos de baixa demanda ou pacientes com hiperfrouxidão ligamentar.
No entanto, na maioria dos casos indicamos o tratamento cirúrgico para recuperar a estabilidade do ombro.
Existem dois tipos de tratamento cirúrgico: cirurgia artroscópica ou cirurgia aberta.
Indicamos a cirurgia artroscópica em pacientes com lesão das estruturas ligamentares do ombro e lesão óssea pequena. Já a cirurgia aberta indicamos em pacientes com grandes lesões ósseas.
Na cirurgia artroscópica visualizamos a articulação através de uma câmera, e com pequenas incisões na pele posicionamos os instrumentos cirúrgicos para amarrar o labrum da glenóide, juntamente com os ligamentos glenoumerais e a cápsula articular. Fazemos essa cirurgia com o uso de âncoras (pinos com fios ligados a eles) e chamamos de Reparo de Bankart Artroscópico.
Na cirurgia aberta fazemos uma incisão de 6 a 8cm, com o objetivo de aumentar a área óssea da glenóide. Para isso, transferimos e fixamos com parafuso um fragmento ósseo de outro local do corpo para a glenóide.
Geralmente, retiramos esse fragmento ósseo de uma outra porção da escápula (chamada de coracóide), mas em casos com lesões ósseas muito grandes pode ser necessário retirar um fragmento ósseo da bacia.
A cirurgia em que é utilizado o coracóide é chamada de Cirurgia de Latarjet, enquanto a cirurgia em que é utilizado um fragmento da bacia é denominada de Cirurgia de Edden-Hybinette.
No pós-operatório o ombro é imobilizado com tipóia por 3-4 semanas e o paciente realiza fisioterapia para reablitação.
A luxação do ombro é uma patologia que reduz drasticamente a qualidade de vida do paciente, impedindo-o de realizar atividades físicas, além de dificultar várias atividades do dia-a-dia.
Agende sua consulta com o médico especialista de ombro para o seu tratamento adequado!