A cirurgia do ombro é um procedimento que visa retomar as condições normais das estruturas afetadas, devolvendo a mobilidade da região e reduzindo a dor do paciente.
O ombro é uma estrutura muito complexa e flexível que permite movimentos muito amplos. É formado por três ossos - úmero, escápula e clavícula – além de tendões, ligamentos e músculos.
Ossos do ombro
Normalmente considerado como uma articulação única, o ombro, na verdade, é formado por três articulações: a gleno-umeral, a acrômio-clavicular e a esterno-clavicular. Todas estas articulações trabalham em conjunto para possibilitar que o braço gire em torno de seu eixo.
As estruturas do ombro são suscetíveis a traumas e degenerações. Por exemplo, esta é uma região vulnerável a luxações por pancadas ou trancos repentinos do braço.
Além disso, é uma parte do corpo propensa a lesões por esportes que demandam do movimento do ombro, como voleibol, handebol, tênis, natação, dentre outros.
As principais lesões do ombro que podem exigir um tratamento cirúrgico são:
O manguito rotador é uma estrutura que possui quatro tendões que envolvem a cabeça do úmero. Esta estrutura é importante, pois possibilita a movimentação ampla dos braços.
A lesão ou ruptura do manguito pode ocorrer em apenas um tendão ou em mais de um tendão. Além disso, ela pode ocorrer de forma parcial ou completa, ou seja, poderá atingir somente uma parte do tendão ou atingir o tendão inteiro.
No geral, estas lesões ocorrem em pessoas que executam movimentos repetitivos de elevação e/ou rotação dos braços. Além disso, poderá ocorrer após um acidente.
Outro fator que pode levar a lesões na região é a idade, já que com o passar do tempo estes tendões ficam mais fragilizados.
As lesões ou rupturas do manguito causam dor, fraqueza e limitação nos movimentos do ombro. Pacientes com suspeita de lesão do manguito devem ser avaliados por um especialista de ombro para a indicação do tratamento correto.
A luxação do ombro ocorre quando o osso (úmero) sai do lugar causando deformidade da articulação e fortes dores.
No geral, a luxação separa um osso do outro na articulação. Normalmente, a primeira luxação ocorre após um trauma que afeta as estruturas do ombro.
Isso faz com que alguns ligamentos se rompam e essa articulação fique mais “frouxa”, permitindo que o ombro saia do lugar mais vezes mesmo sem nenhum trauma.
Podemos dizer que as luxações são recorrentes quando o paciente possui episódios frequentes em uma mesma articulação.
Estes eventos causam dores intensas, que se agravam durante a tentativa de movimentar o ombro. Dessa forma, o médico deverá avaliar o paciente o mais precoce possível para a indicação do tratamento adequado.
As fraturas dos ossos do ombro costumam ser frequentes. No geral, podem ocorrer em diferentes partes ósseas e a gravidade será definida pela quantidade de fragmentos e pelos desvios causados.
As principais fraturas da região do ombro são as fraturas da clavícula, as fraturas do úmero proximal, e as fraturas da escápula.
Estas fraturas tendem a ocorrer em pacientes mais jovens por conta de quedas e acidentes mais bruscos. No entanto, podem também ocorrer em pacientes idosos após quedas ao chão, por conta de desequilíbrios ou fraqueza óssea causada, por exemplo, pela osteoporose.
As fraturas podem causar dor intensa, dificuldade na movimentação do braço e possíveis hematomas na região. O ortopedista precisará de exames de imagem para avaliar precisamente a fratura. Assim, poderá fazer um diagnóstico correto e adotar o tratamento indicado.
Em linhas gerais, os tratamentos das diversas lesões do ombro podem ocorrer de forma conservadora ou cirúrgica.
O intuito principal dos tratamentos é restabelecer a função da região, reduzindo a dor e devolvendo qualidade de vida ao paciente.
O tratamento conservador deve envolver uma equipe multidisciplinar e contemplará o uso de tipóia, medicamentos, fisioterapia, acupuntura, fortalecimento muscular, injeções e repousos.
Caso as lesões não sejam reparadas de forma conservadora, será necessário fazer uma cirurgia para retomar as condições normais das estruturas afetadas.
As cirurgias do ombro são realizadas em centro cirúrgico, normalmente com anestesia geral. Podem ser realizadas de forma convencional (via aberta), ou por via artroscópica (minimamente invasiva).
Na via convencional é feito um corte de cerca de 5cm na região do ombro. Já na via artroscópica são feitas pequenas incisões (4 a 5) de cerca de 1cm cada, nas quais são inseridos uma pequena câmera e os instrumentos necessários para a cirurgia. Esta é uma prática menos invasiva que resulta em um pós operatório menos doloroso e com menores riscos de infecção.
Cirurgia artroscópica
A escolha da forma na qual a cirurgia será feita irá depender das condições do paciente e qual patologia será tratada.
A alta do paciente deve ocorrer de 1 a 2 dias. No pós operatório o paciente sentirá as dores oriundas do procedimento que serão controladas com medicamentos adequados. O médico orientará a respeito do uso de tipóias, realização de compressas frias no local, repouso e fisioterapia.
O tempo de cicatrização e recuperação irá depender de cada caso. Isso vale também para a retomada de atividades diárias, como por exemplo dirigir. Pode-se dizer que a recuperação total de uma cirurgia feita no ombro poderá levar de 3 meses a 1 ano.
A cirurgia para colocação de prótese no ombro ocorrerá em casos de pacientes com degeneração da superfície cartilaginosa da articulação, por exemplo em casos de artrose.
Porém, essa cirurgia será realizada em casos específicos, quando as demais opções de tratamento não-cirúrgico não surtirem efeito.
Cirurgia de Prótese de Ombro
Este procedimento consiste na colocação de peças artificiais de metal ou polietileno para substituir as superfícies articulares ou cartilagens gastas.
Assim, o paciente volta a ter uma articulação sem deformidades, com possível retorno da mobilidade e redução significativa da dor.
A cirurgia é feita com anestesia geral e o paciente ficará internado de 1 a 2 dias, dependendo de suas condições de saúde e da complexidade do procedimento.
Após a cirurgia do ombro, será necessário imobilizá-lo com tipóia por cerca de 30 dias. Por volta de 2 semanas após o procedimento serão iniciados exercícios para estimular a mobilidade na articulação. Geralmente, após 3 meses do procedimento os pacientes poderão executar a maioria das atividades diárias, como vestir-se e dirigir.
Como pode-se observar, diversas são as possibilidades atuais para o tratamento das lesões do ombro. Cada vez mais as técnicas e os instrumentos para a execução das cirurgias evoluem, o que possibilita a obtenção de resultados cada vez melhores.
Ao sinal de dores ou alterações das funções da região, procure um médico especialista que será responsável por guiar você para os melhores tratamentos, a fim de recuperar sua qualidade de vida e bem-estar.